Decisão da empresa pública – na mira da privatização – suspende férias, mesmo as já marcadas, até abril de 2018. Sindicatos entendem ação como um "chamado para guerra"
por Gabriel Valery, da RBA
São Paulo – Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos terão suas férias suspensas até abril de 2018. A decisão partiu da direção da ECT e foi confirmada ontem (27), durante reunião entre representantes de sindicatos e o presidente dos Correios, Guilherme Campos. “Ele chamou pra guerra! A resposta da categoria é a mobilização e a luta! Vamos resistir”, afirma em nota o Sindicato dos Trabalhadores da ECT de São Paulo, Grande São Paulo e zona postal de Sorocaba (Sintect-SP).
A reunião de ontem durou mais de seis horas, sem solução para o impasse entre os trabalhadores e a direção. “Ele (Campos) insistiu no discurso de terra arrasada, disse que vai manter a suspensão das férias”, diz o texto do sindicato. Os trabalhadores foram surpreendidos com um comunicado interno informando a suspensão no dia 21 de março. Segundo a entidade, o discurso do presidente da empresa endureceu ao longo da reunião, quando colocou na mesa um projeto de fechamento de 3,5 mil agências postais, além de admitir estar estudando um plano de "demissão motivada". Neste mês, a empresa já havia anunciado o fechamento de 250 unidades.
Em nota, a direção dos Correios argumenta que a empresa contabiliza um prejuízo acumulado de R$ 4 bilhões nos últimos dois anos e R$ 500 milhões neste ano, e reconhece que as medidas são duras, entretanto, "absolutamente necessárias para a recuperação da empresa. A partir do momento em que a empresa voltar ao equilíbrio, essas questões poderão ser revistas". Em janeiro, os Correios abriram um plano de demissões voluntárias (PDV). Entretanto, de acordo com a instituição, a adesão foi abaixo do esperado. Hoje a empresa conta com 117 mil funcionários e esperava desligar 8 mil, mas apenas 5.500 trabalhadores entraram no programa.
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