1. Assim como neste exato momento Renan Calheiros abandona Michel Temer por prever que o barco vai afundar, a revista “Veja” abandona Aécio Neves. Trata-se de puro cálculo político. O título da reportagem que decreta a morte política do tucano (“A vez de Aécio”) podia ser outro: a vez agora é de Dória;
2. Durante décadas, Andrea Neves, irmã e mentora do senador tucano, pilotou o “Projeto Aécio” muito a partir de sua proximidade com Roberto Civita, o finado dono da Editora abril, e com outros poderosos empresários de comunicação. Ela sempre acreditou ter controle absoluto sobre a blindagem em torno do irmão na mídia. Por um longo tempo, funcionou. Mas o mundo gira, a Luzitana roda e os interesses políticos mudam (só os interesses econômicos continuam os mesmos...);
3. A capa de “Veja” é espantosa não só porque ataca Aécio, mas porque acerta também um tiro na testa de Andrea. Acima de Aécio, está Andrea. Acima de Andrea, não há ninguém;
4. Sem contar mais com a blindagem da mídia, só restou a Andrea gravar um vídeo em que tenta uma última cartada: negar tudo, com a voz embargada, e jurar a pureza da família. Só uma hecatombe explica o fato de Andrea ter saído das sombras. Ela é figura de bastidores
5. Depois de terem arquitetado e produzido o golpe que tirou Dilma do poder, Aécio e Andrea foram abandonados no meio da pinguela pelos verdadeiros donos do poder: a elite empresarial (donos de veículos de comunicação incluídos). Um roteiro bem diferente daquele que a dupla tinha imaginado;
6. Andrea aprendeu muita coisa com seu avô Tancredo. Aécio aprendeu menos, mas herdou o bastão do avô, com o qual acreditava que chegaria ao Palácio do Planalto. Tancredo, vê-se agora, não ensinou tudo que sabia a eles.
Lucas Figueiredo
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