29 de mar. de 2018

SEGURA, BOLSONARO. SEGURA, GLOBO.

Praticamente duas semanas depois da cruel execução de Marielle Franco, o fato continua sendo motivo de matérias jornalísticas em todo o mundo (como a Globo, no próprio interesse não noticia, o bem informado povo brasileiro não sabe).

O último veículo da mídia internacional a se referir ao caso foi a revista britânica, The Economist, uma das bíblias no mundo dos negócios internacionais, que saiu hoje.

Segundo esta revista, Marielle está se tornando rapidamente uma mártir internacional na luta contra a opressão dos pobres, negros e homossexuais, tendo sido citada em órgãos da imprensa mundial em 34 línguas diferentes, só nos dois primeiros dias depois da sua morte.

Pois a revista dedica generosos parágrafos ao deputado federal Jair Messias Bolsonaro, virtual candidato à presidência da república, afirmando que o seu silêncio sobre o caso é providencial e proposital.

É praticamente acorde na opinião pública internacional que quem matou a ex vereadora foi o sistema, através das mãos de policiais.

Segundo os jornalistas do The Economist, Bolsonaro é visto hoje, internacionalmente, como um embrião em desenvolvimento de um Franco, Salazar ou Pinochet na América Latina, encarnado o ódio e o desprezo aos pobres, negros e homossexuais, partidário de um estado policialesco e repressor, que teve na morte de Marielle uma amostra grátis do que é capaz de fazer como política de estado.

Como nos estados fascistas, durante os governos de Franco, Salazar e Pinochet, Bolsonaro tem apoio principalmente dos eleitores de mais baixa escolaridade, mais baixa faixa etária, fundamentalistas religiosos e da terceira idade, velhotes e velhotas fascistas com saudades dos velhos tempos, quando discordar era morrer ou conhecer as masmorras.

Terça feira foi o Washington Post, o segundo jornal em importância, nos Estados Unidos, e um dos mais lidos no mundo, a dedicar extensa reportagem de capa (quase meia capa) ao Brasil, hoje o The Economist.

No governo Lula o mundo descobriu o Brasil, um país que saltou de décima sexta economia do planeta para oitava, em oito anos, que multiplicou por oito as suas reservas cambiais, quase dobrou o poder de compra do salário mínimo, derrubou de mais de 2/3 a sua dependência comercial aos Estados Unidos para 1/3, colaborou na construção do Brics, um mercado consumidor maior que o dos Estados Unidos, com maior PIB e maior contingente de militares, capaz de estabelecer o equilíbrio no mundo, derrubando a hegemonia do império norte-americano.

O grande arquiteto e operário deste ciclo, depois continuado por sua sucessora, percorreu o mundo, pessoalmente, abrindo mercados, levando a nossa cultura, mostrando a nossa cara, sendo recebido com honras de estadista de país grande e importante, aparecendo nas fotos oficiais da reunião da ONU, do G-8, do G-20, entre Putin e Obama, os homens mais poderosos do planeta, passeando de charrete nos jardins do Palácio de Buckingham, ao lado da Rainha da Inglaterra, privilégio de poucos estadistas, em todos os tempos, colecionando diplomas de Doutor Honoris Causa, depois que terminou os mandatos, e agora com duas indicações para o Nobel da Paz.

Agora este mesmo mundo, com os olhos da mesma mídia internacional nos olha como um Estado decadente, um gigante, em território e população, rapidamente se transformando num estado fascista, satélite dos Estados Unidos da América.

Todo dia uma manchete: golpe de estado no Brasil, ditadura do judiciário no Brasil, ex presidente brasileiro perseguido, acusado de ser dono de um imóvel que está no nome de uma empresa que não é dele, corruptos brasileiros perdoados pela justiça...

E a Globo noticiando que está tudo bem, e o povo orando na paz do Senhor ou assistindo ao BBB, certo de que está tudo bem, porque fascistas ou neoliberais darão continuidade à decadência.

Aos nacionalistas, aos patriotas, aos que têm compromisso com os seus descendentes, com as futuras gerações, só há uma opção: resistir!

Se em legítima defesa, em defesa também dos que, cegos pelo analfabetismo político, surdos pela pouca escolaridade ou mudos pela omissão voluntária e religiosa, apoiam isso, tomando veneno, certos de que é remédio.

Um veneno com rótulo errado, vendido numa farmácia de manipulação chamada Tevê Globo.

Francisco Costa
Rio, 23/03/2018.

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