28 de mai. de 2018

SÓ HÁ UMA SAÍDA

Meu Messenger mais movimentado que corredor de shopping em semana de natal, e a mesma pergunta, de todos os companheiros: e aí, intervenção militar, golpe militar, fim da greve, eleições adiadas, Lula solto...?

Qual a saída? Não sei, nenhum brasileiro sabe. A rigor, ninguém tem, hoje, poder ou capacidade moral de por ordem na casa brasileira.

O que começou Lock Out evoluiu para greve de uma categoria, agora de duas, as principais do país, pela capacidade de influir na economia, e foi encampada por toda a população.

Temer nomeou o quarto negociador, agora o governador de São Paulo, já que os outros três foram fiascos, o que não nos surpreende, ladrão rouba, não negocia.

Os sindicatos patronais, dos caminhoneiros, já não têm a direção do movimento, perderam a capacidade de influir.

O STF é visto por grevistas e a população  em geral como atores do mesmo elenco no mesmo circo.

O Congresso é um balcão de negócios desativado por falta de combustível nos aviões que transportariam os mascates dos votos, de seus estados para Brasília.

A greve tem cada vez mais adesões, e agora com duas características novas: não há mais obstruções de estradas, com os caminhões parados nos acostamentos, o que não fere a lei e tornam inócuos e obsoleto o aparato de segurança, e a categoria repudia veementemente qualquer intromissão militar, seja por ordem do mamulengo norte-americano no Planalto, seja por voluntarismo golpista.

No campo, milhões de toneladas de frutas, verduras e legumes estão apodrecendo, cereais estão passando do ponto de colheita, porcos estão emagrecendo aceleradamente, por falta de ração e, pelo mesmo motivo, já morreram mais de 60 milhões de frangos, parou o abate do gado, e milhões e milhões de litros de leite estão sendo distribuídos gratuitamente, alimentando porcos ou jogados fora, diariamente.

Nas cidades, as indústrias estão parando, por falta de transporte público, para levar os trabalhadores até os postos de trabalho, e de matéria prima, que não está sendo entregue.

As prateleiras dos supermercados estão vazias e o povo começa a estocar alimentos, o que agravará a escassez no comércio; várias Ceasas estão fechadas e, as três maiores, de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, têm previsão de parar quarta ou quinta feira, se não forem abastecidas.

Há cada vez menos veículos nas ruas, na medida em que vai acabando também a gasolina e o etanol nos tanques.

Na maioria dos aeroportos não há trânsito aéreo (moro em bairro que fica na rota dos aviões que partem do Galeão e do Santos Dumont para o sul. Atento, desde ontem ainda não ouvi o som de um Boing), e na costa brasileira, mais de oitenta navios, nacionais e estrangeiros, aguardam vaga nos portos, para atracar.

Para agravar, a Petrobras, que iniciaria uma greve de advertência, por dois dias, na quarta feira, antecipou para hoje e já se fala que por tempo indeterminado, e não mais de advertência, mas com exigências.

O país caminha para o colapso, para o caos e só duas saídas.

A primeira seria a intervenção militar, o que está previsto na Constituição, o que já foi aventado pelo  fantoche do Planalto, com a pretensão de ir além de desobstruir estradas, pelo Exército.

O Anão Mãos de Tesoura encontrou resistência dos militares, e isto porque os generais e demais oficiais superiores estão divididos, com grande parcela deles se negando a garantir a continuidade de ladrões e lesas pátria no poder.

A outra opção seria o Exército depor Temer e sua quadrilha, onde estão todos os ministros, o senhor Pedro Parente, um executivo norte americano, presidente da Petrobras, e todo o conselho administrativo da empresa, formado por representantes da Exxon, Shell, Chevron... Nomeados por Pedro Parente, passando a faixa para Rodrigo Maia, que não quer, tem pretensões presidenciais, para Carmem Lúcia ou ficando com um general, até as eleições de outubro.

Esta possibilidade encontra forte resistência no próprio Exército e no exterior.

No Exército, porque sabem que os brasileiros têm dois pés atrás: um por conta do trauma de 64, do medo que se repita, o que poderia manter a greve, talvez a tornando mais radical, como aconteceu no Egito, onde, após um golpe, a população fez greve geral e só retornou ao trabalho quando os militares voltaram para os quartéis, e o segundo, que os candidatos poderiam ver na intromissão do Exército o risco da suspensão das eleições, o que poria quase todos os partidos contra a intervenção militar, radicalizando ainda mais o atual quadro. 

No plano externo, se um golpe militar é o sonho do capital multinacional, não conta com o apoio do governo norte americano e da União Européia, o que nos isolaria mais ainda, com graves conseqüências econômicas.

Por fim, a última solução.

Saiu hoje pesquisa do Instituto Vox Populi, com Lula aparecendo com 39% das intenções de votos, e todos os outros, JUNTOS, com 30%, com 31% distribuídos entre brancos, nulos, abstenções e não souberam ou não quiseram opinar, o bastante para eleger Lula no primeiro turno.

Considerando-se que nos 31% estão os indiferentes e em dúvida, que mais adiante se distribuirão entre os candidatos, podemos afirmar que Lula conta com metade dos votos dos brasileiros.

Pesquisa outra, não de hoje, apontou que mais de 60% do povo brasileiro considera Lula um preso político.

Juntando-se este número à capacidade de articulação, negociação e conciliação de Lula, chegamos à conclusão que ao Brasil só resta Lula ou o caos.

Francisco Costa
Rio, 28/05/2018.

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