14 de jul. de 2019

Na ONU, embaixadora de Bolsonaro vota contra os direitos das mulheres

Na ONU, embaixadora de Bolsonaro, Maria Nazareth Farani Azevêdo, votou contra direitos sexuais e reprodutivos para as mulheres, juntamente com países islâmicos como o Bahrein e a Arábia Saudita. O Brasil também pleiteia a reeleição à cadeira.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU é formado por 47 países. Uma das cadeiras é ocupada pelo Brasil, que pleiteia neste ano a reeleição. Na votação de hoje, 11 de julho, foram apresentadas propostas que versavam sobre casamento infantil, direito a saúde sexual e reprodutiva, educação sexual, além de pedido de investigação sobre as execuções sumárias nas Filipinas.

O Brasil, representado pela embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo, votou a favor de uma emenda apresentada pelo Egito e Iraque contra a menção à “direito à saúde sexual e reprodutiva” no tema que versava sobre casamento infantil e forçado. Também se posicionou a favor de propostas do Bahrein e Arábia Saudita sobre educação sexual que remete à família a decisão de tratar a questão. Ainda sobre educação sexual, o Brasil também votou a favor da proposta feita pelo Paquistão de excluir a menção à “garantir o acesso universal à educação abrangente sobre sexualidade baseada em evidências”.

Sobre as denúncias a respeito de execuções sumárias nas Filipinas, na suposta “guerra às drogas” o Brasil se absteve, com o discurso de preocupação em relação aos direitos humanos, reconhecendo os supostos avanços do governo filipino na questão.

As emendas que atacavam os direitos reprodutivos e sexuais, que o Brasil votou favorável, foram derrotadas. A política levada pelo Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU expressa a política do Governo Bolsonaro de derrotar as mulheres, LGBTs e os negros.

Maria Nazareth é a mesma embaixadora que no começo do ano bateu boca, em um debate também realizado na ONU, com o ex-deputado Jean Wyllys, que denunciava o governo e as ameaças de morte que vinha sofrendo. A ministra, que também atuou nos governos do PT, já protagonizou outras polemicas em relação aos direitos humanos, além de tratar com desdém o escandaloso assassinato de Marielle e sua viúva, Mônica Benício.

A postura de Maria Nazareth acompanha a política de Bolsonaro. Ontem, o governo apresentou uma carta de intenções para pleitear a reeleição à cadeira no Conselho. Na carta propositalmente foram excluídas menções às LGBTs, gênero, direitos reprodutivos, combate à tortura e a pobreza. Bolsonaro se manifestou no twitter em tom de comemoração à essa política criminosa:



Desde que assumiu, Bolsonaro declarou guerra às mulheres, LGBTs, negros, à juventude e aos trabalhadores. No seu discurso de posse prometia acabar com o que a direita chama de ideologia de gênero. Para isso contou com a ajuda de mulheres aliadas da burguesia como Damares Alves, Joyce Hasselman, Janaína Paschoal e Maria Nazareth Azevêdo.

Na ocasião da vitória do movimento LGBT que conseguiu no STF a criminalização da homofobia, Bolsonaro declarou que o estado brasileiro era cristão e não laico e que queria ver no supremo um ministro “terrivelmente” evangélico. O Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo.

No Brasil, mais de mil e trezentas mulheres morrem todos os anos vítimas de abortos clandestinos inseguros. De acordo com estimativas do ministério da saúde, quase um milhão de mulheres recorrem ao aborto todos os anos. Além das mortes, um sem fim de mutilações e problemas de saúde.

O Brasil também é campeão de mortes de negras e negros. Um verdadeiro extermínio de estado. No começo do ano, com 80 tiros em um carro, o exército no Rio de Janeiro matou um pai de família que estava a caminho de uma festa de criança. Os culpados pela morte permanecem impunes. Marielle Franco, vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, mulher negra e LGBT, foi assassinada no ano passado. Seus assassinos estão ligados às milícias do Rio e conectados ao clã Bolsonaro.

Na quarta-feira, com a ajuda do centrão de Rodrigo Maia, dos governadores do PT e PCdoB e das centrais sindicais traidoras, o governo de Bolsonaro apresentou uma reforma que significa aos trabalhadores, às mulheres, aos negros, às LGBTs e à juventude trabalhar até morrer em nome dos lucros dos capitalistas. Uma reforma que está a serviço de descontar nas costas dos explorados e oprimidos a crise financeira que explodiu em 2008. Os ataques do governo Bolsonaro aprofundam a miséria, os trabalhos precários o adoecimento e morte dos trabalhadores. Recentemente um jovem trabalhador precário da Rappi morreu sem que a empresa prestasse qualquer ajuda ou se responsabilizasse.

Bolsonaro nos quer derrotados e silenciados. Para saciar a sede dos patrões está disposto a nos tirar tudo, nosso suor e até as nossas vidas.

Por isso, nós do Pão e Rosas e do MRT colocamos a necessidade de tirarmos lições dos processos de lutas para superar as direções burocráticas e traidoras, para avançar por uma alternativa que organize os trabalhadores e a juventude junto aos setores oprimidos desde a base, em suas estruturas e de forma auto-organizada para tomar a luta em suas mãos e derrotar os planos de Bolsonaro e de todo o projeto do golpe institucional e da Lava Jato. É por esta perspectiva que batalhamos através do Esquerda Diário, do MRT, do Pão e Rosas e da Juventude Faísca.,

fonte Esquerda Diário

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