24 de ago. de 2019

‘Ustra era um monstro que me torturava com choque e ria’, diz vereador vítima do militar

Foto: Reprodução / Youtube
Quando ouviu o presidente Jair Bolsonaro (PSL) louvar Carlos Alberto Brilhante Ustra como herói nacional, Gilberto Natalini, 67, repetiu o que sempre faz quando vê alguém exaltar o coronel-símbolo da repressão durante a ditadura militar: protestou.

Vereador em São Paulo pelo PV, Natalini foi ao Twitter e escreveu na quinta-feira (8): "Bolsonaro insiste em defender e alardear a tortura. A tortura é o ato mais abjeto de um ser humano sobre o outro", segundo a Folha de São Paulo.

Naquele dia, o presidente recebeu no Palácio do Planalto a viúva do militar, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra.Natalini relatou na rede social que na década de 1970 foi torturado por Ustra, a quem se refere como monstro. Ganhou mil novos seguidores em menos de seis horas —parte se solidarizou com ele, parte o atacou.

"Uma pessoa falou que deviam ter me matado, que eu apanhei pouco", afirma à Folha o vereador, que teve a chance de confrontar pessoalmente Ustra em 2013, em sessão da Comissão Nacional da Verdade.

Chamado de terrorista na ocasião, Natalini gritou de volta: "Terrorista é você!". Ustra chegou a ser condenado em ação civil na Justiça. Morreu em 2015.

"Aos 19 anos, em 1972, quando eu era estudante de medicina, fui preso pela ditadura militar e levado para o DOI-Codi [órgão de repressão do regime]. Fiquei lá cerca de 45, 60 dias; não lembro bem agora", comentou o vereador.

"O Ustra comandava as sessões de terror. Eu fui torturado pela mão dele e da equipe dele, várias vezes. Colocavam duas latas de Neston [de alumínio], me faziam subir nelas, molhavam meu corpo com água e sal, ligavam fios em toda parte e disparavam os choques", citou ele.

O vereador disse que a noite toda tomava choque elétrico e paulada nas costas, com uma vara de cipó, que o Ustra usava para me chicotear.

 "Estou descrevendo uma das formas que eles adotavam, mas não me peça para narrar todas, porque é muito doído para mim. A tortura pesada durou mais ou menos um mês", finalizou.

fonte Bahia Notícias

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