4 de set. de 2019

O que será de nós, Ministério Público?

Por Paulo Brondi, promotor de justiça no Justificando

O atual Ministro da Justiça está convidado como palestrante para o Congresso Nacional do Ministério Público, que acontece anualmente. Fico apenas imaginando sobre o que o ex-juiz irá falar. Sobre suas reiteradas traquinagens reveladas pelo The Intercept? 

Preocupa-me que o maior congresso dessa imensa instituição, guardiã da ordem jurídica e dos interesses democráticos, forneça palanque a alguém que comprovadamente pouca quantia dá a tais valores. Qual a justificativa de tê-lo como palestrante, estender-lhe a mão “amiga”? Dar-lhe “apoio e suporte” em momento tão doloroso de sua vida? A troco de quê? Qual serviço relevante prestou ao Ministério Público? Nomes muitos outros haveria para se prestar tributo. Hugo Mazzilli, Cândido Dinamarco, Sepúlveda Pertence, em suma, gente ilustrada que fez carreira no  ́parquet’. Ou, então, tantos outros bravíssimos colegas que mais e melhor teriam a dizer aos ouvintes. 

O convite foi elas mãos da Associação Nacional do Ministério Público (CONAMP), que também há poucos dias convidou o Exmo. Presidente da República, Jair Bolsonaro, para tomar lugar no mesmo evento. Exato, o mesmo Presidente que agora ameaça dar de ombros à lista tríplice encaminhada pelos Procuradores da República para a escolha do próximo Procurador-Geral da República, desrespeitando um “costume” democrático que a rigor só foi mesmo seguido pelos “comunistas vermelhos” aos quais nutre tanta malquerença. Exato, o mesmo Presidente cujo filho, enrolado até as orelhas com um suposto caso de lavagem de dinheiro e pés de laranja-lima, esculachou a instituição e votou a favor do projeto de “Lei de Abuso de Autoridade”, no Senado, a 26 de junho deste ano. 

Nenhum comentário: