26 de nov. de 2019

Produção agrícola é destruída em ação de despejo de acampamento na Bahia

Laurindo Pereira da Silva, conhecido como seu Pepeu, foi atingido por bala de borracha durante ação violenta de despejo / Divulgação/MST
Acampamento Abril Vermelho, ligado ao MST, era responsável pelo abastecimento de quatro cidades da região

Bruna Caetano, Caroline Oliveira e Emily Dulce no Brasil de Fato

Na madrugada desta segunda-feira (25), as polícias Federal e Militar, em conjunto com milícias armadas do norte da Bahia forçaram o despejo de aproximadamente 700 famílias dos acampamentos Abril Vermelho, Irmã Dorothy e Irani de Souza, ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Segundo as famílias despejadas, os agentes “chegaram atirando” e, com muita violência, casas foram destruídas. Bombas de fumaça e balas de borracha foram utilizadas contra os ocupantes e um trabalhador, Laurindo Pereira da Silva, foi atingido na cabeça por um tiro de bala de borracha. Seu estado de saúde é estável.

As áreas acampadas fazem parte do perímetro irrigado Nilo Coelho, do município de Casa Nova e do projeto Salitre, em Juazeiro. As famílias ocupam o local desde 2007, mediante acordo entre os governos federal e estadual, o Incra, Ouvidoria Agrária, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Ministério Público Federal.

Segundo a assessoria do MST, no entanto, a partir das “investidas violentas contra os movimentos sociais do atual governo, os acordos foram quebrados e as famílias vítimas, mais uma vez, da truculência do Estado”. O movimento exige um posicionamento do governo estadual.

Nos três acampamentos, as famílias produziam ali cerca de 7,200 toneladas de alimento por ano, o que ajudava a mover a economia dos dois municípios da região. De forma direta e indireta, foram aproximadamente 5 mil trabalhadores.

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