16 de mar. de 2012

AMAURI FAZ DISCURSO E HOMENAGEIA APOLÔNIO

Amauri Teixeira na Seção em homenagem à Apolônio de Carvalho
Discurso em homenagem a Apolônio de Carvalho

Companheiros e companheiras, hoje, iremos homenagear o primeiro filiado do Partido dos Trabalhadores: o revolucionário e ícone da democracia popular no mundo, o eterno, Apolônio de Carvalho.
Um andarilho das causas perdidas, um Dom Quixote das lutas inalcançáveis, um idealizador dos sonhos impossíveis. Alguém capaz de sonhar, mas, principalmente, fazer, transformar, revolucionar o cotidiano – simplesmente – sorrindo …ou chorando… copiosamente…pela morte ou vida severina de milhões de pessoas que ainda passam fome, ainda sofrem discriminação racial, étnica ou de qualquer espécie.

Alguém que conseguiu comover multidões por todo o mundo com a ideia inacabada do socialismo.
Este mesmo socialismo que ainda perdura no coração de milhões de pessoas por todo o mundo, reinventado todas as manhãs – por homens e mulheres – determinados a fazerem deste mundo, um lugar melhor para todos.
Porque, meus companheiros e companheiras, o Apolônio de Carvalho não é apenas um filiado do PT. Ele é um símbolo das lutas populares. Um símbolo de todos, homens e mulheres, de bem.
E não poderia ser de outra forma. Porque, nenhum rótulo poderia contê-lo dentro de si.
O seu enorme valor simbólico não pode e não deve ser enclausurado por nenhuma sigla partidária ou organização do movimento social.
O Apolônio de Carvalho, parafraseando o escritor Euclides da Cunha, antes de tudo, foi um forte.
Alguém que nunca teve qualquer dúvida de combater a ditadura de Getúlio Vargas, enquanto militante da Aliança Nacional Libertadora (ANL) na década de 30.
Alguém que teve o desprendimento de deixar o seu país para defender com unhas e dentes a luta internacional e permanente do socialismo, combatente ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola, entre 1936 e 1939, assim como, a Resistência Francesa contra a ocupação nazista e fascista, entre 1942 e 1944.

Na Espanha, fez parte das Brigadas Internacionais, contra os fascistas de Francisco Franco. Ficou lá até 1939, como eu disse antes, quando foi para a França, onde ficou preso até 1940.
De lá, fugiu e, em Marselha, juntou-se à Resistência (em 1942) para lutar contra os nazistas que ocupavam o país e contra os fascistas locais que apoiavam os invasores.
Apolônio de Carvalho, portanto, carregou consigo – por toda a vida – as palavras transformadoras de Karl Marx, que dizia que “as revoluções são como locomotivas da história”.
O que diria o Apolônio de Carvalho diante da Primavera dos Povos Árabes? Ou melhor: o que faria, porque, o Apolônio de Carvalho, apesar de também ter sido um homem das palavras, foi, principalmente, um homem de ação.
Então, o que faria o Apolônio de Carvalho na Primavera dos Povos Árabes? O que o Apolônio de Carvalho faria para derrubar o regime do ditador líbio, Muammar Kadafi?
Lutaria. Sem dúvida, o Apolônio de Carvalho lutaria. E, sendo assim, certamente, iria se aliar através das redes sociais, via twitter, blogs, Orkut, facebook, toda forma de mobilização das multidões, com os homens e mulheres do mundo que ecoaram por toda a parte o grito de liberdade de outros homens e mulheres.
Porque, meus companheiros e companheiras, se tem algo que o Apolônio de Carvalho nos ensinou foi a sermos livres ou, senão livres, simplesmente, lutarmos sempre pela nossa liberdade.
Por isso, peço que todos que assistem agora a TV Câmara, todos vocês que acompanham está sessão solene em homenagem ao centenário do Apolônio de Carvalho, peço que todos façam publiquem nas redes sociais a hashtag #Apolônio100.

Ou a hashtag #ApolônioPCBR, numa alusão ao partido que fundou também: o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, o PCBR, em 1968, para levar a cabo a luta armada contra o regime militar.
O PCBR do Antônio Prestes de Paula, Ramires Maranhão do Vale, Ranúsia Alves Rodrigues , Almir Custódio, Vitorino Alves Moutinho de Lima e dos meus companheiros, Bruno Maranhão, Renato Afonso e Antônio Arruti.
E o companheiro Bruno Maranhão, por sinal, que passou – recentemente – por um longo período hospitalar, em Pernambuco, quero informar para todos, o Bruno Maranhão já está em casa, com a família e, certamente, voltará em breve para a trincheira de luta do PT e do Movimento de Libertação dos Sem Terra, o MLST.
Quero desejar, portanto, ao Bruno Maranhão saúde, torcendo para que em breve ele esteja aqui conosco. Sem duvida, o Bruno está muito feliz com essa homenagem ao Apolônio de Carvalho e estaria aqui – se assim pudesse.
Ele que foi condenado, em 2006, pelo presidente desta Casa na época, a 39 dias de prisão. Ao todo, 500 integrantes do MLST foram presos, sendo que 41 deles, entre eles, Bruno Maranhão e o meu amigo Antônio Arruti, ficaram encarcerados, neste episódio que virou a maior prisão coletiva da história brasileira, desde o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1968, na cidade de Ibiúna, em São Paulo.
Está Casa, portanto, ao homenagear os 100 anos de Apolônio de Carvalho também presta uma homenagem aos companheiros Bruno Maranhão e Antônio Arruti, presos pelo “quarteto golpista”, como disse na época o Bruno Maranhão, composto pelos senadores, Álvaro Dias, Artur Virgílio, Jorge Bornhausen e o Antônio Carlos Magalhães.
Está Casa, portanto, tem uma dívida com o movimento social. E a melhor maneira de começar a inverter a sua ordem de prioridades é revendo a posição favorável ao novo Código Florestal – tal como o seu relator concebeu-o.
Coincidência ou não, o mesmo relator que foi responsável pela prisão de 500 integrantes do Movimento de Libertação dos Sem Terra, o MLST.
O Novo Código Florestal, tal como foi concebido pelo seu relator – é um afronto contra a liberdade dos oprimidos, dos mais pobres e dos camponeses.
E os jovens, e depois, “os menos jovens”, com diria o próprio Apolônio de Carvalho, precisam continuar a luta, sem deixar de respeitar a memória de homens e mulheres que fizeram parte de uma época onde as ruas tinham outros nomes.
“Os que sendo velhos acreditam que a velhice é apenas a juventude amadurecida”, como ensinou o Apolônio de Carvalho.
E por falar em reconhecimento dos jovens, que falar de uma mensagem da minha amiga, a jornalista Olívia Soares, que lembrou hoje pelo twitter, que no Rio de Janeiro, moradores de um prédio na Rua Dias Ferreira, no Leblon, ainda preservam uma placa com os dizeres: Aqui morou Apolônio de Carvalho, combatente das liberdades.
Portanto, se o Luis Carlos Prestes foi chamado pelo escritor baiano, Jorge Amado, de Cavaleiro da Esperança, naturalmente, poderia chamar o Apolônio de Carvalho de Cavaleiro das Liberdades.

O Apolônio de Carvalho distinguiu-se na luta e foi, mais tarde, reconhecido como herói da França e condecorado com a Legião de Honra.
Sendo assim, gostaria de comunicar para a família do Apolônio de Carvalho aqui presente que faremos outra homenagem para ele na Bahia, criando através do nosso mandato, o núcleo, o curso e a cartilha de formação política Apolônio de Carvalho, onde iremos reunir textos, entrevistas e artigos publicados pelo e sobre o Apolônio de Carvalho. Está é uma forma simples de manter viva a chama do socialismo. E a formação política sempre foi uma prioridade do Apolônio de Carvalho. Certa vez, ele disse que a falta de formação política, mesmo no PT, gerou “uma distância muito grande entre as direções e os partidos de esquerda”.
Mas, como todos sabem, toda revolução começa com uma reunião.
Quero dizer, que assim como ocorreu em Brasília, gostaríamos de convidar a historiadora Marly Vianna a lançar, como fez em Brasília, o livro “Uma história de lutas”, que conta a saga entrelaçada de Apolônio de Carvalho e de sua companheira, Renée de Carvalho, com quem Apolônio casou e viveu a sua vida inteira.
Portanto, quando resolve filiar-se ao PT, em fevereiro de 1980, o tenente-coronel, Apolônio de Carvalho, brindou o maior partido popular da América Latina com a sua filiação.

Apolônio de Carvalho brindou a militância petista com a sua história. Apolônio de Carvalho respaldou o nosso partido com a sua trajetória humanitária, com a caminhada de alguém que devotou a sua vida inteira para as pessoas.
O guerrilheiro do entardecer que pôde ajudar e assistir a eleição do primeiro presidente operário do Brasil. Assistiu o reencontro do Brasil consigo mesmo.
Apolônio de Carvalho assistiu o nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer no primeiro encontro do MERCOSUL que “Nós, hoje, negociamos com o mundo inteiro, sem vergonha de dizer quem somos, o que queremos e, ao mesmo tempo, nós temos orgulho de nos fazer respeitar enquanto Nação”.
Apolônio de Carvalho pôde regozijar-se do discurso proferido pelo presidente Lula na Associação Comercial de São Paulo, quando, em 2003, disse:
“Este país precisa, primeiro, recuperar a auto-estima de 175 milhões de brasileiros. Vamos ser francos. Alguns de vocês, em algum momento da vida, imaginaram que eu pudesse ir a Davos? Algum de vocês, algum dia, imaginou que eu pudesse ser o Presidente mais aplaudido na história de Davos? Sabem por quê? Porque, antes, nós tínhamos tido uma reunião ibero-americana, com todos os países da América Latina. E comecei a perceber que os governantes do Terceiro Mundo agem como se fossem inferiores: nós somos sempre “coitadinhos”, estamos sempre procurando um culpado para as nossas causas”.
Esse país encontrou o seu caminho. Hoje, dizem, que nós seremos a quinta potência econômica do planeta. Nós aprendemos a gostar deste País. Nós tínhamos vergonha de ser brasileiros. Hoje, como definiu o presidente Lula, “hoje nós estamos tendo orgulho de ser brasileiros”.
Este é o Brasil solidário que o Apolônio de Carvalho ajudou a construir. Um país, ainda, repleto de desigualdades sociais, vítima, ainda, de um conflito extremo entre as classes, mas, cada vez mais soberano, um país, como estabeleceu a nossa presidenta Dilma Rousseff, que luta para transformar um país em rico em um país sem pobreza.
Quero dizer, hoje, Apolônio de Carvalho, você vive entre nós. Filho de pai nordestino e de mãe gaúcha, o tenente-coronel, Apolônio de Carvalho, foi um cidadão do Brasil e do mundo, que carregou dentro do coração o sentimento cosmopolita e universal do nosso socialismo, mas, nunca perdeu as raízes de quem encontrou na resistência dos oprimidos e da classe trabalhadora, a força necessária para dizer, sempre que necessário, presente, Apolônio de Carvalho se apresentando, sempre.

Fonte: http://deputadoamauri.com.br

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