Gostaria tanto de escrever sobre utopia. Com a profundidade que o tema merece. Mas hoje não. Estamos, quase todos, em férias.
Sorrindo para o mundo, bronzeando os corpos, lagarteando ao sol. Permitindo aos neurônios sinapses menos complexas.
De Brasília
Iberê Lopes
Para o Blog do Arretadinho
Estes momentos são necessários. Caminhar sem rumo pra encontrar saída, esvaziar as ideias de tanta pressa pra chegar. Taí, este será meu ponto de partida. O tempo que não temos para tornar lúdica e poética a vida.
O pior, é que muitas vezes aprendemos que precisamos nos empenhar em metas, integrar equipes e atingir objetivos que não fazem o menor sentido em nossas vidas.
E tem um aspecto que considero o mais grave. Sequer sabemos o motivo de estarmos correndo tanto. Riqueza? Como diria meu Pai, caixão não tem gaveta. Estabilidade? O sujeito quase morre de infarto por estar estressado de correr muito atrás de sabe lá o quê e toma um remedinho que promete vigor imprescindível para produzir mais. Oi?
Pára o planeta que eu quero descer. Preste atenção nessa tensão descabida e reflita. Se vivermos em comunhão com a natureza, produzindo o básico, sem acumulo ou competição desenfreada seremos mais felizes. Todos tendo acesso ao que todos produzem, sem diferenciar seres humanos por cor, religião, origem étnica, gênero ou região do globo.
E afinal, raciocine comigo: o que nos leva ao desgovernado pensamento de que é este o único modelo de sociedade possível?
É, chego ao absurdo inconclusivo de que somos um bocado contraditórios. Queremos igualdade de direitos e humanidade de deveres, desde que não se percam privilégios. Resumidamente: a minha mansão com meus carrinhos ninguém tasca. Mas, eu defendo até a morte o direito do outro ascender. Esse "ideal maior" que a direita globalizada clama - e eu observo com cara de paisagem – chama-se meritocracia. Quanta hipocrisia!
Ora, um dia toda essa diversidade que consumimos de maneira desenfreada acaba meu povo. Praias, serras, cachoeiras, rios e outros horizontes que aproveitamos nas merecidas férias - ou descanso ativo no meu caso - tem fim. E nós também. Trágico em demasia para ler numa cadeira fincada na areia diante do mar? Sim, não fosse também um pouco cômico.
É preciso encontrar um tempinho para rirmos de nós mesmos.
Buenas, simbóra passear por aí que estou trabalhando demais. Tenho que respeitar as horas em que simplesmente o nada nos satisfaz. Faz extremamente bem conhecer outros lugares, ver novas gentes, conversar sobre levezas e singelas belezas. Sutilezas que esquecemos nas gavetas durante o ano inteiro. Está na hora dessa gente criativa mostrar seu valor. Até mesmo as utopias.
Férias Utópicas - por Iberê Lopes 03/01/2014
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